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Ilustração criada pelo ChatGPT.com |
Olá Galerinha tudo bem com vocês?
Vamos saber sobre Transtorno Bipolar com a Dra. Isadora Fajardo, Médica Psiquiatra.
Primeiramente vamos conhecer um pouco da história da Médica.
Muito obrigada pelo convite, professora Vanessa. É um prazer participar deste espaço e contribuir com a psicoeducação em um tema que me encanta tanto: o Transtorno Afetivo Bipolar.
Sou Isadora Fajardo, médica psiquiatra, com residência pela Universidade Federal Fluminense — uma formação da qual tenho muito orgulho. Ao longo da minha trajetória, atuei em diversos serviços de saúde mental na rede pública das cidades do Rio de Janeiro, Niterói e Maricá, incluindo ambulatórios, CAPS e hospitais psiquiátricos.
Atualmente, atendo em consultório particular em Niterói, realizo consultas por telemedicina e também sou médica assistente em uma clínica de internação psiquiátrica, acompanhando pacientes com transtornos graves durante o tratamento e na preparação para a alta, garantindo um cuidado contínuo e humanizado.
Fico muito feliz com a oportunidade de conversar sobre saúde mental de forma clara e acessível. Vamos juntos desmistificar o transtorno bipolar e ajudar crianças, adolescentes e suas famílias a entenderem melhor esse universo.
Vamos as perguntas!!!!
1. Diagnóstico
Quais são os principais sinais e sintomas do transtorno bipolar?
Como é feito o diagnóstico de bipolaridade? É possível confundir com outras condições?
Existem diferentes tipos de transtorno bipolar? Qual a diferença entre eles?
O transtorno bipolar pode se apresentar de formas diferentes: como episódios de depressão, hipomania ou mania.
A depressão é uma condição bastante conhecida, caracterizada por tristeza persistente, falta de energia, desmotivação, perda de interesse, pensamentos negativos e sem esperança, além de alterações no sono e no apetite. Em alguns casos, é difícil diferenciar se se trata de uma depressão unipolar (depressão isolada) ou se é um episódio depressivo dentro do transtorno bipolar. Alguns sinais que levantam a suspeita de bipolaridade são: início precoce, episódios frequentes e abruptos, e histórico familiar positivo para o transtorno.
A mania é uma elevação do humor — que pode se apresentar como euforia, irritabilidade, autoestima inflada, diminuição da necessidade de sono, fala acelerada e excessiva, agitação motora, entre outros sintomas. Para que seja considerado um episódio maníaco, esses sintomas precisam durar pelo menos uma semana de forma contínua, e geralmente são necessários três ou mais dessas alterações para o diagnóstico.
Já a hipomania é semelhante à mania, porém os sintomas são mais leves e não causam prejuízo tão acentuado na vida da pessoa.
Para fechar o diagnóstico de transtorno bipolar, é fundamental identificar ao menos um episódio de mania ou hipomania. Muitas vezes, o transtorno pode ser confundido com depressão unipolar, transtornos de ansiedade ou TDAH. Por isso, uma entrevista clínica cuidadosa com o paciente e os familiares é essencial — e o diagnóstico pode levar tempo. É algo que costuma ser construído ao longo do acompanhamento.
Existem dois tipos principais de transtorno bipolar:
Tipo 1: oscila entre episódios de mania e depressão.
Tipo 2: oscila entre episódios de hipomania e depressão.
2. Tratamento
Quais são os tratamentos mais eficazes para o transtorno bipolar?
Os medicamentos precisam ser tomados por toda a vida?
Como saber se a medicação está funcionando corretamente?
O que fazer se os efeitos colaterais forem fortes ou incômodos?
O tratamento mais eficaz envolve o uso de medicações estabilizadoras de humor, que atuam tanto na prevenção de episódios depressivos quanto maníacos. As principais classes são:
Estabilizadores de humor: como lítio, divalproato e lamotrigina;
Antipsicóticos atípicos: como quetiapina, olanzapina e aripiprazol.
A prescrição é sempre individualizada, levando em consideração os sintomas, o estilo de vida do paciente, os possíveis efeitos colaterais e a resposta esperada à medicação.
O objetivo do tratamento é alcançar a chamada eutimia — o estado em que o humor está equilibrado, fora dos episódios de mania ou depressão. É nesse estado que o paciente consegue levar uma vida funcional e com qualidade, de acordo com a gravidade de cada caso.
Sobre os efeitos colaterais: é muito importante que sejam conversados com o médico. Em muitos casos, é possível ajustar a medicação ou buscar outras estratégias que tornem o tratamento mais tolerável. Quando os efeitos colaterais são ignorados, o risco de abandono do tratamento aumenta — e isso pode levar à piora do quadro. Por isso, o vínculo de confiança com o médico é fundamental.
3. Estilo de Vida e Manejo
Há hábitos ou rotinas que ajudam a controlar o transtorno bipolar?
O sono tem um papel importante na estabilidade do humor?
Como lidar com o estigma e as dificuldades no trabalho ou nos relacionamentos?
Hábitos saudáveis são aliados importantes na estabilização do humor. Uma alimentação equilibrada, a prática de exercício físico regular e o sono adequado fazem diferença real na resposta ao tratamento.
O sono, por exemplo, costuma ser até um parâmetro de avaliação clínica: manter uma rotina de 7 a 8 horas de sono por noite é um dos objetivos terapêuticos.
Infelizmente, o estigma em torno dos transtornos mentais e dos tratamentos ainda é uma realidade. E a melhor forma de combater isso é exatamente com psicoeducação, como essa que o blog está promovendo. O conhecimento é a chave para o combate ao preconceito. Quando entendemos o transtorno, conseguimos explicá-lo — e isso ajuda a quebrar tabus.
4. Crises e Prevenção
Como identificar os sinais de uma crise maníaca ou depressiva?
O que pode ser feito para prevenir recaídas?
Quais estratégias funcionam melhor em momentos de crise?
As crises fazem parte do transtorno bipolar, especialmente quando há interrupção da medicação ou diante de situações de estresse intenso.
É possível perceber sinais de alerta. Por exemplo:
Na mania/hipomania: redução acentuada do sono, aumento da irritabilidade, agitação, excesso de energia e pensamentos acelerados.
Na depressão: aumento do sono, isolamento, desânimo, abandono das atividades do dia a dia, pensamentos negativos e de desvalia.
Nesses momentos, é fundamental procurar o psiquiatra o quanto antes para avaliar a situação e definir a conduta necessária.
A prevenção de recaídas inclui:
Uso regular da medicação;
Acompanhamento psiquiátrico e psicológico;
Estilo de vida saudável (sono, alimentação, atividade física);
Construção de uma rede de apoio sólida.
Durante uma crise, o ideal é acionar essa rede: o psiquiatra, o psicólogo e pessoas próximas de confiança.
5. Psicoterapia
A psicoterapia é indicada junto com os remédios?
Quais tipos de terapia costumam ajudar mais pessoas com bipolaridade?
Sim, a psicoterapia é muito indicada e funciona como um importante tratamento complementar. Ela ajuda a prevenir recaídas, a manter a estabilidade emocional e a desenvolver estratégias para lidar com os desafios do dia a dia.
Além disso, a terapia familiar pode ser muito útil. Ela ajuda a melhorar a comunicação, fortalecer vínculos e reduzir o estresse dentro do ambiente familiar.
6. Família e Apoio
Como a família pode ajudar sem invadir ou controlar?
Há grupos de apoio recomendados para familiares ou pacientes?
A família tem um papel fundamental. É geralmente a rede mais próxima do paciente e quem costuma perceber os primeiros sinais de recaída ou crise.
Além disso, os familiares ajudam a garantir a continuidade do tratamento, como o uso correto da medicação e o comparecimento às consultas. Em momentos difíceis, isso pode fazer toda a diferença.
Mas também é muito importante que o cuidador/familiar receba apoio. Ter um espaço para expressar suas angústias e dificuldades faz parte do cuidado com toda a rede que cerca o paciente.
Tanto para o paciente quanto para a família, psicoeducação e psicoterapia podem reduzir em até 50% o número de recaídas.
Hoje, há grupos de apoio online que promovem trocas ricas entre pacientes e familiares, mas o mais importante é construir vínculos terapêuticos fortes e de confiança com os profissionais de saúde. Compartilhar dúvidas, medos e limitações com médicos e psicólogos é o caminho para um tratamento bem-sucedido.
Gostaria de agradecer pela atenção e muito obrigada Dra Isadora, minha gratidão!
Acessem o site da Dra Isadora https://www.isadorafajardo.com/
Professora Blogueira Vanessa.
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