domingo, 8 de junho de 2025

Entrevista com Sr Gabriel Fernandes Dermatologista - Sobre Psoríase.

 

Oi Galerinha!!!! 

Apreciem essa matéria sobre saúde, conheçam o que Psoríase, com Dr. Gabriel Fernandes - Dermatologista.


Imagem criada pelo Gemini Google.




 S.r. Gabriel muitíssimo obrigada por participar desta entrevista para o Blog Diário da Professora Vanessa, gostaríamos de saber primeiramente do S.r. sobre sua formação, o senhor poderia se apresentar para a galerinha? Contar brevemente sobre sua história na área da dermatologia. Por que especializou em Psoríase?

Claro, eu sou o Gabriel Fernandes, nasci na Bahia e me mudei para Brasília com a minha família, aos 7 anos de idade. Na faculdade federal de medicina da Universidade de Brasília, eu me formei como médico. Durante os 6 anos de medicina, me apaixonei pela área diversa que é a dermatologia, onde cuidar de pacientes com doenças crônicas, realizar procedimentos cirúrgicos e até estéticos seria possível. Na Universidade Federal São Paulo, durante 3 anos de residência médica em dermatologia, aprofundei meus conhecimentos nas diversas áreas de atuação e obtive meu título pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. Atuando nestes 9 anos no serviço público, tive contato com muitos pacientes com doenças de pele, inclusive e principalmente a psoríase. Percebi o sofrimento físico e emocional destes pacientes que demoravam anos para ter um diagnóstico e tratamento apropriado. Dessa forma, ao obter meu título de médico dermatologista, decidi focar em tratar estes pacientes. Além de psoríase, atendo muitos pacientes com dermatite atópica, hidradenite supurativa, vitiligo...



1. Conceito e Causas

  • O que é psoríase e quais são suas causas? 

A psoríase é uma doença imunomediada, crônica, inflamatória, que pode levar a sinais e sintomas incapacitantes, que se manifesta principalmente na pele e em articulações. Não existe uma única causa definida. Quem tem psoríase tem predisposição genética a ter a doença, o que significa que se você tem alguém na família com psoríase, você tem mais risco de desenvolver a doença. Algumas formas de psoríase podem ser engatilhadas, nas pessoas com predisposição genética, por infecções bacterianas, virais, e depois do uso de certos medicamentos.

  • A psoríase é uma doença contagiosa? 

NÃO. A psoríase não é contagiosa. Este é um ponto muito importante, pois ainda é causa de muito estigma e reclusão social dos pacientes com psoríase.

  • Existem fatores genéticos envolvidos na psoríase?

Sim, quem tem familiares com psoríase, têm maior risco de desenvolver a doença.

  • O estresse pode desencadear ou agravar a psoríase? 

É possível, mas é importante não classificar a psoríase como uma "doença emocional". Este rótulo já levou muitos pacientes a pensarem que não há tratamento para psoríase, já que supostamente seria algo "da cabeça ou dos nervos" deles. O acompanhamento psicológico é encorajado dependendo do caso, mas cuidado para não culpar o paciente pela doença que tem.


2. Diagnóstico


  • Como a psoríase é diagnosticada? 

A psoríase, na maioria das vezes, é diagnosticada pelo exame clínico feito por um médico dermatologista durante a consulta médica. É importante olhar todo o corpo, unhas, e articulações dos pacientes para se definir o diagnóstico.

  • Existem exames específicos ou o diagnóstico é apenas clínico? 

Em casos de dúvida, uma biópsia da pele pode ser feita ou seja retirarmos um pedaço da lesão suspeita e levamos para análise. Não há exame de sangue para diagnosticar psoríase.


  • Quais são os principais tipos de psoríase e como diferenciá-los? 

Em torno de 90% dos casos se trata da psoríase em placas, que são lesões avermelhadas e que descamam que aparecem geralmente em cotovelos, joelhos, couro cabeludo, região lombar, palmas e plantas. Outro tipo é a psoríase gutata, na qual as placas são no formato de moeda, ou em gota, e podem ser disseminadas pelo corpo. Alguns pacientes podem ter psoríase apenas nas unhas, chamada de psoríase ungueal, tendo deformidades ou manchas que muitas vezes confundem com micose. Um tipo mais raro é a psoríase pustulosa. Neste tipo uma parte ou quase todo o corpo do paciente fica avermelhado com pontos de pus (pústula) sobre a pele, este é um tipo que pode ser muito grave. A melhor forma de diferenciar os tipos de psoríase é passando em consulta com um médico dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia


3. Sintomas e Gravidade


  • Quais são os sintomas mais comuns da psoríase? 

Placas avermelhadas que soltam uma descamação. Quando acontece no couro cabeludo pode parecer uma caspa mais resistente, com escamas mais grossas. As lesões podem coçar, arder, repuxar. Pelo ato de tirar a escama, muitos pacientes têm sangramento e feridas na pele. Além disso, alterações nas unhas, como manchas alaranjadas, pequenos furos, e descolamento da pele, também são sinais da psoríase.

  • A psoríase pode afetar outras partes do corpo além da pele, como articulações?

Sim, em torno de um terço dos pacientes com psoríase podem sentir dores nas articulações (juntas). As mais comumente afetadas são as articulações das mãos, mas pode acontecer dor e inchaço em qualquer uma. Dessa forma, um paciente com psoríase também pode ter artrite psoriásica.

  • Existem diferentes graus de gravidade? Como são classificados? 

A gravidade da psoríase pode ser definida pelo quanto ela afeta o corpo do paciente. Se afeta até 3%  da superfície corpórea (ou a área de 3 palmas da mão do paciente), seria leve. Entre 3 a 10%, seria moderada. Mais de 10%, grave. Mas isso tem sido revisto. Temos muitos pacientes que têm áreas consideradas pequenas, como couro cabeludo, palmas, plantas, face, ou região genital, que sofrem muito com a doença. Então outro critério de gravidade é o quanto a doença afeta a qualidade de vida da pessoa, independentemente se a doença acomete uma grande área ou não.


4. Tratamentos

  • Quais são os tratamentos mais comuns para a psoríase? 

Os tratamentos mais comuns são os tratamentos tópicos, cremes e pomadas medicamentosas. Em seguida, tratamento com luz, chamado de fototerapia. Tratamentos por via oral com comprimidos que diminuem a inflamação.

  • A psoríase tem cura ou apenas controle?

 A psoríase não tem cura hoje. A boa notícia é que existem muitas opções de tratamento, e muitos pacientes conseguem viver sem lesões. Alguns pacientes, depois de um tempo de controle, podem deixar de usar medicamentos, mas mantenho o acompanhamento médico.

  • Quais são os efeitos colaterais dos tratamentos mais usados? 

Cremes e pomadas podem causar afinamento da pele, estrias, irritação. Alguns medicamentos por via oral podem causar anemia, prejudicar o fígado ou rim. Biológicos, dependendo da classe, podem aumentar o risco de infecções.

  • Em que casos o tratamento com biológicos é indicado? 

Em casos nos quais o tratamento com medicamentos tópicos e/ou orais não tiveram o efeito desejado ou causaram efeitos colaterais. 


5. Estilo de Vida e Prevenção.

  • Mudanças na alimentação ou hábitos de vida ajudam a controlar a psoríase?

Sim, a psoríase está associada a um maior risco de doenças metabólicas, como hipertensão, diabetes, alterações do colesterol. Então, manter um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada e exercícios físicos, é de extrema importância. Para os pacientes com sobrepeso e obesidade, a perda de peso pode ajudar com a psoríase também.

  • Qual é o impacto do sol e do clima sobre a doença?

O sol pode ajudar ou prejudicar a doença. A exposição ao sol quando bem orientada e por alguns minutos pode ajudar a diminuir a inflamação das lesões da psoríase. Contudo, em caso de queimadura solar, é possível ter piora da doença. Então é sempre um ponto importante na consulta entender o limite de exposição.

  • É possível prevenir as crises ou surtos de psoríase? 

A melhor forma de prevenir crises é manter o acompanhamento médico, uma alimentação balanceada, e rotina de exercícios físicos. 


6. Cuidados Diários


  • Quais cuidados diários com a pele são recomendados para quem tem psoríase? 

Ser gentil com a pele. Evitar banhos muito quentes e uso de bucha (de tecido ou vegetal). Sabonetes suaves, do tipo syndet (sem detergente) são mais recomendados. A hidratação com loções ou cremes deve ser diária, de preferência com produtos que contenham ureia. O uso do protetor solar também é indicado para evitar queimaduras. Para quem tem psoríase no couro cabeludo, xampus anti-caspa podem diminuir os sintomas de coceira e descamação.

  • Existem produtos (como sabonetes ou hidratantes) que devem ser evitados? 

Sabonetes antissépticos ou antibacterianos não devem ser usados de rotina. Produtos esfoliantes devem ser evitados, e qualquer produto que cause ardência ou repuxamento da pele. Em momentos de piora da doença, evitar hidratantes com corantes e fragrância.

  • A psoríase pode afetar a autoestima e a saúde mental. Como lidar com isso? 

Sim, a maioria dos pacientes tem a saúde mental afetada pela doença. Pacientes com psoríase têm maior risco de depressão, transtorno de ansiedade e até ideação suicida. A melhor forma de lidar com isso é tendo uma rede de apoio, família, amigos, profissionais da saúde, e grupos de pacientes (@psoriasebrasil), que trazem acolhimento, solucionam dúvidas e apoiam em momentos difíceis.


7. Acompanhamento Médico.

  • Com que frequência é necessário fazer acompanhamento dermatológico? 

Depende do momento do paciente. Pacientes que ainda não estão em controle, devem ser acompanhados a cada 2 ou 3 meses. Para aqueles com bom controle, podemos vê-los 2 vezes por ano.

  • A psoríase pode evoluir com o tempo? Como identificar uma piora? 

Sim, sendo uma doença imunomediada seu curso é imprevisível. Pacientes que tinham poucas lesões podem evoluir para ter a psoríase em todo o corpo. Aumento das placas, piora da coceira, da ardência, ou perda da resposta de um medicamento são sinais de progressão da doença.



Muito obrigada Dr. Gabriel Fernandes pela magnífica entrevista.

Para maiores informações acessem o site do Dr Gabriel Fernandes.

https://drgabrieldermatologista.com.br/ 

e o blog também https://drgabrieldermatologista.com.br/blog/


Minha gratidão!

Professora Blogueira Vanessa.

2 comentários:

  1. Nossa, ótima matéria a respeito de uma doença ainda não difundida e que pode ajudar na percepção das pessoas o quanto é importante ajudar quem precisa.

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    Respostas
    1. Agradeço ao Dr Gabriel pela matéria e obrigada Melissa pela postagem do comentário.

      Excluir

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